terça-feira, 8 de abril de 2014

RESUMO DOS CAPÍTULOS 11, 12, 13 E 14. FILOSOFIA 301

RESUMO DOS CAPÍTULOS 11, 12, 13 E 14.
SENSO COMUM E CONHECIMENTO CIENTÍFICO -
SENSO COMUM No seu dia-a-dia, o homem adquire espontaneamente um modo de entender e atuar sobre a realidade. Algumas pessoas, por exemplo, não passam por baixo de escadas, porque acreditam que dá azar; se quebrarem um espelho, sete anos de azar. Algumas confeiteiras sabem que o forno não pode ser aberto enquanto o bolo está assando, senão ele "embatuma", sabem também que a determinados pratos, feitos em banho-maria, devem-se acrescentar umas gotas de vinagre ou de limão para que a vasilha de alumínio não fique escura. Como aprenderam estas informações? Elas foram sendo passadas de geração a geração. Elas não só foram assimiladas mas também transformadas, contribuindo assim para a compreensão da realidade. Assim, se o conhecimento é produto de uma prática que se faz social e historicamente, todas as explicações para a vida, para as regras de comportamento social, para o trabalho, para os fenômenos da natureza, etc., passam a fazer parte das explicações para tudo o que observamos e experienciamos. Todos estes elementos são assimilados ou transformados de forma espontânea. Por isso, raramente há questionamentos sobre outras possibilidades de explicações para a realidade. Acostumamo-nos a uma determinada compreensão de mundo e não mais questionamos; tornamo-nos "conformistas de algum conformismo". São inúmeros os exemplos presentes na vida social, construídos pelo "ouvi dizer", que formam uma visão de mundo fragmentada e assistemática. Mesmo assim, é uma forma usada pelo homem para tentar resolver seus problemas da vida cotidiana. Isso tudo é denominado de senso comum ou conhecimento espontâneo. Portanto, podemos dizer que o senso comum é o conhecimento acumulado pelos homens, de forma empírica, porque se baseia apenas na experiência cotidiana, sem se preocupar com o rigor que a experiência científica exige e sem questionar os problemas colocados justamente pelo cotidiano. Portanto, é também um saber ingênuo uma vez que não possui uma postura crítica. "Em geral, as pessoas percebem que existe uma diferença entre o conhecimento do homem do povo, às vezes até cheio de experiências, mas que não estudou, e o conhecimento daquele que estudou determinado assunto. E a diferença é que o conhecimento do homem do povo foi adquirido espontaneamente, sem muita preocupação com método, com crítica ou com sistematização. Ao passo que o conhecimento daquele que estudou algo foi obtido com esforço, usando-se um método, uma crítica mais pensada e uma organização mais elaborada dos conhecimentos."(LARA, p 56, 1983). Porém, é importante destacar que o senso comum é uma forma válida de conhecimento, pois o homem precisa dele para encaminhar, resolver ou superar suas necessidades do dia-a-dia. Os pais, por exemplo, educam seus filhos mesmo não sendo psicólogos ou pedagogos, e nem sempre os filhos de pedagogos ou psicólogos são melhor educados. O senso comum é ainda subjetivo ao permitir a expressão de sentimentos, opiniões e de valores pessoais quando observamos as coisas à nossa volta. Por exemplo: a) se uma determinada pessoa não nos agrada, mesmo que ela tenha um grande valor profissional, torna-se difícil reconhecer este valor. Neste caso, a antipatia por esta determinada pessoa nos impede de reconhecer a sua capacidade;b) os hindus consideram a vaca um animal sagrado, enquanto nós, ocidentais, concebemos este animal apenas como um fornecedor de carne, leite, etc. Por essa razão os consideramos ignorantes e ridículos, pois tendemos a julgar os povos, que possuem uma cultura diferente da nossa, a partir do nosso entendimento valorativo.Levando-se em conta a reflexão feita até aqui, podemos considerar o senso comum como sendo uma visão de mundo precária e fragmentada. Mesmo possuindo o seu valor enquanto processo de construção do conhecimento, ele deve ser superado por um conhecimento que o incorpore, que se estenda a uma concepção crítica e coerente4 e que possibilite, até mesmo, o acesso a um saber mais elaborado, como as ciências sociais.
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Os Gregos, na antigüidade, buscavam através do uso da razão, a superação do mito ou do saber comum. O avanço na produção do conhecimento, conseguido por esses pensadores, foi estabelecer vínculo entre ciência e pensamento sistematizado (filosofia, sociologia...), que perdurou até o início da Idade Moderna. A partir daí, as relações dos homens tornaram-se mais complexas bem como toda a forma de produzir a sua sobrevivência. Gradativamente, houve um avanço técnico e científico, como a utilização da pólvora, a invenção da imprensa, a Física de Newton, a Astronomia de Galileu, etc. Foi no início do século XVII, quando o mundo europeu passava por profundas transformações, que o homem se tornou o centro da natureza (antropocentrismo). Acompanhando o movimento histórico, ele mudou toda a estrutura do pensamento e rompeu com as concepções de Aristóteles, ainda vigentes e defendidas pela Igreja, segundo as quais tudo era hierarquizado e imóvel, desde as instituições e até mesmo o planeta Terra. O homem passou, então, a ver a natureza como objeto de sua ação e de seu conhecimento, podendo nela interferir. Portanto, podia formular hipóteses e experimentá-las para verificar a sua veracidade, superando assim as explicações metafísicas e teológicas que até então predominavam. O mundo imóvel foi substituído por um universo aberto e infinito, ligado a uma unidade de leis. Era o nascimento da ciência enquanto um objeto específico de investigação, com um método próprio para o controle da produção do conhecimento.Portanto, podemos afirmar que o conhecimento científico é uma conquista recente da humanidade, pois tem apenas trezentos anos. Ele transformou-se numa prática constante, procurando afastar crenças supersticiosas e ignorância, através de métodos rigorosos, para produzir um conhecimento sistemático, preciso e objetivo que garanta prever acontecimento e agir de forma mais segura. Sendo assim, o que diferencia o senso comum do conhecimento científico é o rigor. Enquanto o senso comum é acrítico, fragmentado, preso a preconceitos e a tradições conservadoras, a ciência preocupa-se com as pesquisas sistemáticas que produzam teorias que revelem a verdade sobre a realidade, uma vez que a ciência produz o conhecimento a partir da razão. Desta forma, o cientista, para realizar uma pesquisa e torná-la científica, deve seguir determinados passos. Em primeiro lugar, o pesquisador deve estar motivado a resolver uma determinada situação-problema que, normalmente, é seguida , por algumas hipóteses. Usando sua criatividade, o pesquisador deve observar os fatos, coletar dados e então testar suas hipóteses, que poderão se transformar em leis e, posteriormente, ser incorporadas às teorias que possam explicar e prever os fenômenos. Porém, é fundamental registrar que a ciência não é somente acumulação de verdades prontas e acabadas. Neste caso, estaríamos refletindo sobre cientificismo e não ciência, mas tê-la como um campo sempre aberto às novas concepções e contestações sem perder de vista os dados, o rigor e a coerência e aceitando, que, o que prova que uma teoria é científica é o fato de ela ser falível e aceitar ser refutada.
O CONHECIMENTO CIENTÍFICO PARA AUGUSTE COMTE
Para Comte, o conhecimento científico é, baseado na observação dos fatos e nas relações entre fatos que são estabelecidas pelo raciocínio. Estas relações excluem tentativas de descobrir a origem, ou uma causa subjacente aos fenômenos, e são, na verdade, a descrição das leis que os regem. Comte afirma: "Nossas pesquisas positivas devem essencialmente reduzir-se, em todos os gêneros, à apreciação sistemática daquilo que é, renunciando a descobrir sua primeira origem e seu destino final". O conhecimento científico positivo, que estabelece as leis que regem os fenômenos de forma a refletir o modo como tais leis operam na natureza, tem, para Comte, ainda, duas características: é um conhecimento sempre certo, não se admitindo conjecturas, e é um conhecimento que sempre tem algum grau de precisão. Assim, Comte reforça a noção de que o conhecimento científico é um conhecimento que não admite dúvidas e indeterminações e desvincula-o de todo conhecimento especulativo. "Se, conforme a explicação precedente, as diversas ciências devem necessariamente apresentar uma precisão muito desigual, não resulta daí, de modo algum, sua certeza. Cada uma pode oferecer resultados tão certos como qualquer outra, desde que saiba encerrar suas conclusões no grau de precisão que os fenômenos correspondentes comportam, condição nem sempre fácil de cumprir. Numa ciência qualquer, tudo o que é simplesmente conjectural é apenas mais ou menos provável, não está aí seu domínio essencial; tudo o que é positivo. isto é, fundado em fatos bem constatados, é certo - não há distinção a esse respeito".
CIÊNCIA E VIDA O termo ciência vem do latim, scientia, de sciens, conhecimento, sabedoria. É um corpo de doutrina, organizado metodicamente que constitui uma área do saber e é relativo a determinado objeto. O que caracteriza cada ciência é seu objeto formal, ou seja, a coisa observada, porém, o desdobramento dos objetos do saber científico caminhou progressivamente para a especialização das ciências (ato que marcou sobremaneira o século XIX com o advento da técnica e da industrialização). Isto culminaria na perda da visão totalitária do saber e na sua conseqüente fragmentação. O saber científico necessita de objetividade, na busca da verdade, e também deve possuir método próprio, responsável pelo cumprimento de um plano para a observação e a verificação de qualquer matéria. Entretanto, esse caráter objetivo da ciência, que corresponde aos dados e variáveis coletados, traz consigo uma gama irrestrita de pensamentos, teorias e paradigmas que nos remete para a reflexão bioantropológica do conhecimento, bem como para a reflexão das teorias nos aspectos culturais, sociais e históricos. Não se pode perder de vista que o cientista que investiga as ciências é um ser humano falível e é preciso que as ciências se questionem acerca de suas estruturas ideológicas. Nesse contexto, a questão "O que é ciência?" ainda não conta com uma resposta científica, considerando que todas as ciências, incluindo as físicas e biológicas, são também sociais. Portanto, têm origem, enraizamento e componente biofísico, o que seu campo de estudo procura renegar, na tentativa de expressar, através de sua especialização, a estrutura do pensamento linear do conhecimento científico. Ou seja, a ciência, com suas teorias e metodologias "salvadoras", não dispõe da habilidade de refletir-se para o autoconhecimento. Dessa forma, não é científico tentar definir as fronteiras da ciência. Não é científico, porque não é seguro, e qualquer pretensão em fazê-lo tornar-se-ia irreal.
Ciência Antiga
Introdução
Nos séculos VII e VI a.C. surge a filosofia na Grécia nas colônias gregas e do Magma Grécia, essa filosofia fica conhecida como pré-socrática.
Ciência Antiga o que se chama de filosofia é um conhecimento abstrato sobre as coisas, que se percebia somente com observação a olho nu, como os filósofos antigos que somente com a observação e a razão tentaram descobrir qual era o elemento fundamental das coisas ou arché.
São os gregos pré-socráticos que transformam o conhecimento empírico em ciência, inicialmente essas reflexões são realizadas por:
-Tales de Mileto
-Pitágoras de Samos
-Hipócrates
-Platão
-Aristóteles
-Euclides
Tales de Mileto
Tales nasceu em Mileto, atual Turquia, e foi considerado o pai da filosofia grega. Fundou a Escola Jônica e firmou temas polêmicos dentro da filosofia, como a verdade, a totalidade, a ética e a política, o que até hoje são temas discutidos. Não deixou nenhuma obra escrita a respeito de seus pensamentos, tudo o que se sabe sobre ele origina-se de citações de outros filósofos como Aristóteles, Platão e Diógenes Laércio.
Viveu no período Pré-socrático e utilizou somente a natureza (physis) como fonte de seus pensamentos a partir da água, ar, fogo e terra. Como monista, atribuía à água o princípio de todas as coisas, ou seja, acreditava que todo o universo se originara a partir dela. Como cita Aristóteles, Tales defendia que tudo no universo era úmido, sendo gerado pela água.
Conhecedor de diversas áreas usava-as para sobreviver. Introduziu a geometria na Grécia estudando retas e ângulos com os egípcios e estudou a primeira medida de tempo utilizando o relógio solar, fato que o beneficiou quando, estudando o céu, conseguiu prever uma situação apropriada para a colheita de azeitonas. Estudando a medida de tempo percebeu que existiam determinados períodos em que mantinham características distintas dos outros, eram as estações do ano. De acordo com tais características percebidas, Tales conseguia prever as características apropriadas para cada atividade a ser realizada.
Pitágoras
Pitágoras foi um importante matemático e filósofo grego. Nasceu no ano de 570 a .C na ilha de Samos, na região da Ásia Menor (MagnaGrécia). Provavelmente, morreu em 497 ou 496 a.C em Metaponto (região sul da Itália). Embora sua biografia seja marcada por diversas lendas e fatos não comprovados pela História, temos dados e informações importantes sobre sua vida.
Com 18 anos de idade, Pitágoras já conhecia e dominava muitos conhecimentos matemáticos e filosóficos da época. Através de estudos astronômicos, afirmava que o planeta terra era esférico e suspenso no Espaço (idéia pouco conhecida na época). Encontrou uma certa ordem no universo, observando que as estrelas,assim como a Terra, girava ao redor do Sol.
Recebeu muita influência científica e filosófica dos filósofos gregos Tales de Mileto, Anaximandro e Anaxímenes.
Enquanto visitava o Egito, impressionado com as pirâmides, desenvolveu o famoso Teorema de Pitágoras. De acordo com este teorema é possível calcular o lado de um triângulo retângulo, conhecendo os outros dois. Desta forma, ele conseguiu provar que a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa.
Atribui-se também a ele o desenvolvimento da tábua de multiplicação, o sistema decimal e as proporções aritméticas. Sua influência nos estudos futuros da matemática foram enormes, pois foi um dos grandes construtores da base dos conhecimentos matemáticos, geométricos e filosóficos que temos atualmente.
Hipócrates
A medicina se disvincula das supertições e da magia, apartir da atuação de Hipócrates, que nasceu na ilha de Cós por volta do ano de 460a.C. conhecido como o ''pai da medicina''.
Este importante estudioso da medicina, fazia parte de uma família que mantinha uma longa tradição na pratica de cuidados em saúde.
Em seus estudos, ele pôde constatar a relação de muitas epidemias com fatores climáticos, raciais, alimentares e do meio ambiente. Deixou ainda muitas descrições clínicas que possibilitam o diagnóstico de doenças como a malária, tuberculose, caxumba e pneumonia.
Ele se dedicou também profundamente aos estudos sobre anatomia humana, deixando anotações descritivas bastante claras que se referiam não só a instrumentos de dissecação, como também, a procedimentos práticos.
O “pai da medicina” direcionava seus conhecimentos em saúde no caminho científico, ele rejeitava completamente a supertição e práticas que não se podia explicar cientificamente.
Hipócrates chegou a teoria dos quatro humores corporais (sangue, fleugma,bílis amarela e bílis negra) através de sua forma de entender o funcionamento do organismo humano, incluindo a personalidade. Segundo ele, a quantidade destes fluídos corporais era a principal responsável pelo estado de equilíbrio ou de doença.
Sua teoria influenciou um outro importante estudioso, Galeno, que desenvolveu a teoria de Hipócrates (teoria dos humores) dominando este conhecimento até o século XVIII.
O famoso Juramento de Hipócrates foi criado a partir de sua inquestionável conduta ética.
Juramento de Hipócrates
Por Apolo, o médico e por Asclépio, por Higia e Panacea e por todos os deuses a deusas, a quem conclamo como minhas testemunha, juro cumprir o meu dever e manter este juramento com todas as minhas forças e com todo meu discernimento:tributarei a meu Mestre de Medicina igual respeito que a meus progenitores, repartindo como eles meus meios de vida e socorrendo-o em caso de necessidade; tratarei seus filhos como se fossem meus irmãos e, se for sua vontade aprender esta ciência, eu lhe ensinarei desinteressadamente e sem exigir recompensa de qualquer espécie. Instruirei com preceitos, lições orais e de mais métodos de ensinos os meus proprios filhos e os filhos de meu Mestre e, além deles, somente os dicípolos que me seguirem sob empenho de suas palavras e sob juramento, como determina a praxe médica. Aviarei minhas receitas de modo que sejam do melhor proveito para os enfermos, livrando-os de todo mal e da injustiça, para o que dedicarei todas as minhas faculdades e conhecimentos. Não administrarei a pessoa alguma, ainda que isto me seja pedido, qualquer tipo de veneno nem darei qualquer conselho nesse sentido. Da mesma forma, não administrarei a mulheres gravidas qualquer meio abortivo.Guardarei sigilo e considerarei segredo tudo o que vir e ouvir sobre a vida das pessoas durante o tratamento ou fora dele.
Platão
Platão nasceu um ano após a morte do estadista Péricles. Seu pai, Aristão, tinha como ancestral o rei Codros e sua mãe, Perictione, tinha Sólon entre seus antepassados. Inicialmente, Platão entusiasmou-se com a filosofia de Crátilo, um seguidor de Heráclito. No entanto, por volta dos 20 anos, encontrou o filósofo Sócrates e tornou-se seu discípulo até a morte deste. Pouco depois de 399 a.C., Platão esteve em Mégara com alguns outros discípulos de Sócrates, hospedando-se na casa de Euclides. Em 388 a.C., quando já contava quarenta anos, Platão viajou para a Magna Grécia com o intuito de conhecer mais de perto comunidades pitagóricas. Nesta ocasião, veio a conhecer Arquitas de Tarento. Ainda durante essa viagem, Dionísio I convidou Platão para ir à Siracusa, na Sicília. Platão partiu para Siracusa com a esperança de lá implantar seus ideais políticos. No entanto, acabou se desentendendo com o tirano local e retornou para Atenas.
Em seu retorno, fundou a Academia. A instituição logo adquiriu prestígio e a ela acorriam inúmeros jovens em busca de instrução e até mesmo homens ilustres a fim de debater idéias. Em 367 a.C., Dionísio I morreu, e Platão retornou à Siracusa a fim de mais uma vez tentar implementar suas idéias políticas na corte de Dionísio II. No entanto, o desejo do filósofo foi novamente frustrado. Em 361 a.C. voltou pela última vez à Siracusa com o mesmo objetivo e pela terceira vez fracassa. De volta para Atenas em 360 a.C., Platão permaneceu na direção da Academia até sua morte, em 347 a.C.
Platão não buscava as verdadeiras essências da forma física como buscavam Demócrito e seus seguidores, sob a influência de Sócrates buscava a verdade essencial das coisas. Platão não poderia buscar a essência do conhecimento nas coisas, pois estas são corruptíveis, ou seja, variam, mudam, surgem e se vão. Como o filósofo deveria buscar a verdade plena, deveria buscá-la em algo estável, as verdadeiras causas, pois logicamente a verdade não pode variar, se há uma verdade essencial para os homens esta verdade deve valer para todas as pessoas. Logo, a verdade deve ser buscada em algo superior. Nas coisas devem ter um outro fundamento, que seja além do físico, a forma de buscar estas realidades vem do conhecimento, não das coisas, mas do além das coisas. Esta busca racional é contemplativa, isto significa buscar a verdade no interior do próprio homem. Porém o próprio homem não é meramente sujeito particular, mas como um participante das verdades essenciais do ser.
Platão assim como seu mestre Sócrates busca descobrir as verdades essenciais das coisas. O conhecimento era assim o conhecimento do próprio homem, mas sempre ressaltando o homem não enquanto corpo, mas enquanto alma. O conhecimento que continha na alma era a essência daquilo que existia no mundo sensível, assim em Platão também a técnica e o mundo sensível eram secundários. A alma humana enquanto perfeita participa do mundo perfeito das idéias, porém este formalismo só é reconhecível na experiência sensível.
Aristóteles
(384 a.C. - 322 a.C.)
Considerado por muitos como o maior filósofo de todos os tempos. Filho de Nicômaco, médico de Amintas, rei da Macedônia, nasceu em Estagira, colônia grega da Trácia, no litoral setentrional do mar Egeu, em 384 a.C. Seus pensamentos filosóficos e idéias sobre a humanidade tem influências significativas na educação e pensamento ocidental contemporâneo. Aristóteles é considerado o criador do pensamento lógico. Suas obras influenciaram também na teologia medieval da cristandade.
Embrenhou-se em todos os conhecimentos de seu tempo - Lógica, Matemática, Física, Metafísica, Moral, Política, Retórica e Poética.
Em 343 foi convidado pelo Rei Filipe para a corte de Macedônia, como preceptor do Príncipe Alexandre, então jovem de treze anos.
Quando Alexandre subiu ao trono (335), Aristóteles regressou a Atenas, onde criou a sua própria escola, o Liceu. Foi-lhe dado este nome porque estava situada junto ao templo dedicado a Apolo Liceano. Os estudos concentravam-se sobre o que hoje poderíamos denominar "ciências naturais", ao contrário da Academia, onde era dada garnde importância à geometria. O liceu era um verdadeiro centro de investigação, apoiado por Alexandre. Nele, Aristóteles e os seus discípulos recolhiam informações acerca de tudo, organizando pesquisas filosóficas e científicas em alta escala e reuniram vasto material referente a todo o conhecimento da época.
Aristóteles escreveu um grande número de obras para o público não iniciado na filosofia, sob a forma de diálogos, à semelhança do seu mestre Platão. Contudo nenhum chegou até nós. As únicas "obras" que sobreviveram são constituidas pelos seus apontamentos que escreveu para as suas aulas no Liceu. No século I a.C. foram os mesmos organizados por Andrónico de Rodes.
Podemos agrupá-los da seguinte forma:
1. Lógica: textos conhecidos, em seu conjunto, por "Órganon".
2. Ciências: Física, Do céu, Meteorologia, Da geração e da destruição, Das partes dos animais, Da geração dos animais,História dos animais;
3. Psicologia e metafísica: Da alma, Da sensação e das coisas sensíveis, Do sono, Da respiração, Metafísica
4. Moral e política: Ética a Nicômacos, Política, Constituição de Atenas;
5. Retórica e poética: Poética, Retórica.
Pensamento de Aristóteles
Toda a sua filosofia assenta numa observação minuciosa da natureza, da sociedade e dos indivíduos, organizando de uma forma verdadeiramente didática. A sua idéia fundamental era a de tudo classificar, dividindo as coisas segundo a sua semelhança ou diferença, obedecendo a um conjunto de perguntas muito simples: Como é esta coisa ? (o género). O que é que a difere das outras que lhe são semelhantes? ( a diferença). A partir daqui começava a hierarquizar todas as coisas, de uma forma tão ordenada que até então nunca ninguém conseguira fazer.
Na Política a sua primeira preocupação foi a elaborar uma listagem tão completa quanto possível sobre os diferentes modelos políticos que existiam no seu tempo. Partindo da sua diversidade procurou depois as suas semelhanças e diferenças, pondo em evidência o que constituía a natureza de cada regime.
Em Astronomia, Aristóteles delineia um Universo esférico e finito, tendo a Terra como centro, composta por quatro elementos definidos pela Alquimia: terra, ar, fogo e água, cada um dos quais com seu lugar adequado, determinado por sua “gravidade específica”, e que se movem em linha reta para o lugar que lhes corresponde. Os céus, porém, movem-se de forma natural e infinita, seguindo um complexo movimento circular, pois têm em sua composição um quinto elemento: o éter
Física Aristotélica
Com esta linha de raciocínio, ele acreditou que os quatro elementos teriam cada qual o seu próprio lugar, e o movimento uma tentativa para distender esse lugar. A terra estaria no centro, a água acima deste, o ar acima da água e o fogo o mais elevado de todos os elementos estaria acima de todos os demais. Um elemento densamente formado por terra, como uma rocha, cai espaço abaixo, enquanto que as bolhas de ar na água movem-se liquido acima. Ainda uma vez, a chuva cai, mas o fogo se eleva. Para Aristóteles parecia que o mais pesado dos objetos fosse aquele que teria a maior tendência de adquirir mais rapidamente o seu próprio lugar de origem, então ele acreditava que o corpo mais pesado cairia mais rapidamente que o mais leve.
Durante a campanha de Alexandre na Ásia , Aristóteles recebeu a terrível notícia que o fará jamais perdoar o antigo aluno. Alexandre tinha ordenado executar calístenes, o seu sobrinho, que se recusara a aceitar o monarca como um deus. Mas em 323 a.C. Alexandre morre de febre.
A morte de Alexandre, em 323, desencadeia um guerra de libertação entre os gregos e os macedonios que dominavam a Grécia desde Filipe. Aristóteles foi então acusado de colaborador dos macedonios, é perseguido, refugiando-se em Cálcis, na Eubeia, onde morre no ano seguinte com 63 anos.
Euclides
Euclides (c. 330 a. C. - 260 a. C.) nasceu na Síria e estudou em Atenas.
Foi um dos primeiros geómetras e é reconhecido como um dos matemáticos mais importantes da Grécia Clássica e de todos os tempos.
Muito pouco se sabe da sua vida. Sabe-se que foi chamado para ensinar Matemática na escola criada por Ptolomeu Soter (306 a. C. - 283 a. C.), em Alexandria, mais conhecida por "Museu". Aí alcançou grande prestígio pela forma brilhante como ensinava Geometria e Álgebra, conseguindo atrair para as suas lições um grande número de discípulos. Diz-se que tinha grande capacidade e habilidade de exposição e algumas lendas caracterizam-no como um bondoso velho.
Conta-se que, um dia, o rei lhe perguntou se não existia um método mais simples para aprender geometria e que Euclides respondeu: "Não existem estradas reais para se chegar à geometria".
Outro episódio sobre Euclides refere-se a um dos seus discípulos, o qual, resolvendo ser espirituoso, depois de aprender a primeira proposição de geometria lhe perguntou qual o lucro que lhe poderia advir do estudo da geometria. Nesse momento, Euclides - para quem a geometria era coisa séria - chamou um escravo, passou-lhe algumas moedas e ordenou que as entregasse ao aluno: "já que deve obter um lucro de tudo o que aprende"
A CIÊNCIA MEDIEVAL
1. A filosofia medieval
Com a queda do Império Romano (séc. V), a religião surge lentamente como elemento agregador dos inúmeros reinos bárbaros formados após sucessivas invasões; seus chefes são pouco a pouco convertidos ao cristianismo, e a Igreja se transforma em soberana absoluta da vida espiritual do mundo ocidental.
A cultura greco-romana quase desaparece nos períodos mais turbulentos da implantação do mundo feudal de produção, mas permanece latente, guardada nos mosteiros. São os monges os únicos letrados em um mundo onde nem os servos nem os nobres sabem ler.
No entanto, não devemos considerar todo o período medieval (sécs. V a XV, portanto mil anos) como sendo de obscuridade. Em vários momentos, há expressões diversas de produção cultural às vezes tão heterogênea que se torna difícil reduzir o período àquilo que se poderia chamar pensamento medieval. Uma constante se faz notar no pano de fundo desse pensamento: a tentativa de conciliar a razão e a fé. A temática religiosa predomina na preocupação apologética, isto é, na defesa da fé cristã e no trabalho de conversão dos não-cristãos. A máxima predominante é “Crer para compreender, e compreender para crer”. A filosofia, embora se distinguindo da teologia, é instrumento desta, é serva da teologia.
Apesar do risco de simplificação, dividimos a Idade Média em duas tendências fundamentais: a filosofia patrística e a escolástica.
A filosofia patrística
A filosofia patrística inicia-se ainda no período decadente do Império Romano, no séc. III. Essa filosofia auxilia a exposição racional da doutrina religiosa e se acha contida nos trabalhos dos chamados Padres da Igreja, cujas principais preocupações são as relações entre fé e ciência, a natureza de Deus e da alma e a vida moral.
A retomada da filosofia platônica, baseada na predileção pelo supra-sensível, contribui para a fundamentação da necessidade de uma ética rigorosa, da abdicação do mundo, do controle racional das paixões.
Alguns dos representantes da patrística foram Clemente de Alexandria, Orígenes e Tertuliano. Mas a principal figura é Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona. Seguindo a tradição platônica, que via sempre o Perfeito por trás de todo imperfeito e a Verdade absoluta por trás de todas as verdades particulares, também Santo Agostinho pensa numa iluminação pela qual a verdade é infundida no espírito humano por Deus.
A escolástica
A escolástica é a especulação filosófico-teológica que se desenvolve do séc. IX até o Renascimento. Tem esse nome por ter sido dominante nas escolas que começaram a surgir durante o Renascimento carolíngio.
Carlos Magno (séc. VIII), preocupado em incrementar a cultura, funda as escolas monacais e catedrais (junto aos mosteiros e igrejas), contratando diversos sábios, como o inglês Alcuíno. O ensino aí desenvolvido baseia-se sobretudo no trivium (gramática, retórica e dialética) e no quadrivium (aritmética, música, geometria e astronomia).
A partir do séc. XI surgem as universidades (de Paris, Bologna, Oxford etc.), que, espalhadas por toda a Europa, tornam-se locais de fecunda reflexão filosófica.
Já no séc. XII, aparecem traduções de obras de Arquimedes, Hero de Alexandria, Euclides, Aristóteles e Ptolomeu. Muitas vezes o pensamento desses autores chegava deformado à Europa, pois era traduzido do grego para o sírio, do sírio para o árabe, do árabe para o hebraico e do hebraico para o latim medieval. Por isso, a Igreja condenou de início o pensamento aristotélico, que na tradução árabe adquirira contornos panteístas.
Consultando a tradução feita diretamente do grego, Santo Tomás de Aquino recuperou o pensamento original de Aristóteles. Mais que isso, fez as devidas adaptações à visão cristã e escreveu uma obra monumental, a Suma teológica, onde, uma vez mais, as questões de fé são abordadas pela “luz da razão” e a filosofia é o instrumento que auxilia o trabalho da teologia. É com um Aristóteles cristianizado que surge então a filosofia aristotélico-tomista.
2. A ciência medieval
Pelo que podemos ver, a tradição grega, retomada na Idade Média, valoriza o conhecimento teórico em detrimento das atividades práticas. Isso continua sendo possível porque o modo de produção feudal, assentado no trabalho do servo da gleba, também despreza a atividade manual, ao mesmo tempo que valoriza o nobre guerreiro, para o qual o ócio decorre de seus privilégios.
Nesse panorama, a ciência continua voltada para a discussão racional e desligada da técnica e da pesquisa empírica. Os instrumentos de trabalho são rudimentares: para conhecer os corpos só se tem os olhos; para avaliar o frio e o quente, só se tem a pele.
Sabemos que geralmente as leis científicas necessitam de uma medida de tempo. Ora, até o séc. XVI os relógios eram raros, e o próprio Galileu, já no séc. XVII, usou uma clepsidra (relógio d’água) para medir o tempo que um corpo leva para descer no plano inclinado. Isso sem falar nas unidades de medida. Mersenne, outro filósofo do séc. XVII, curiosamente, juntou o desenho do pé do rei a um de seus livros sobre o assunto: esse desenho serviu como medida nas suas experiências.
Se a ciência medieval não é experimental, tampouco se utiliza da matemática, o que ocorrerá apenas na Idade Moderna. Por isso, a ciência permanece qualitativa, como na Antigüidade, mesmo porque os recursos disponíveis da matemática ainda são incipientes para se proceder à matematização. Por exemplo, alguns representantes da Escola de Oxford tentaram definir o conceito de velocidade, o que não foi possível devido à inexistência do cálculo infinitesimal.
Aliás, as dificuldades existem inclusive no nível mais simples, por ex., o da notação dos números. Embora conhecidos desde o séc. X, o uso dos algarismos arábicos não se acha generalizado até o Renascimento, de modo que continuava sendo costume o recurso aos algarismos romanos. Isso dificultava os cálculos, o que pode ser observado, por exemplo, na divisão de MDCXXXII por IV, impossível de ser resolvida sem o auxílio do ábaco, uma prancheta provida de bolas que existe até hoje.
Qual o lugar da ciência no mundo medieval?
Pelo que pudemos observar até aqui, há relutância ou impossibilidade em incorporar as tentativas de experimentação e matematização das ciências da natureza. A preocupação com a vida depois da morte faz prevalecer o interesse pelas discussões religiosas. Mesmo quando se pede ajuda à razão filosofante, é ainda a revelação que surge como critério último da verdade na produção do conhecimento.
A retomada do pensamento aristotélico traz de novo a física qualitativa e a astronomia geocêntrica. As explicações de Aristóteles são completadas com o modelo de Ptolomeu (séc. II), cuja obra famosa, Almagesto, torna-se a última palavra em astronomia até Copérnico, no séc. XVI.
“Essa visão do universo em duas regiões, uma inferior, outra superior, uma sujeita à mudança, outra não, iria tornar-se outra doutrina básica da filosofia e cosmologia medievais. Oferecia uma segurança serena, cósmica, a um mundo amedrontado, afirmando a sua essencial estabilidade e permanência, mas sem ir ao ponto de pretender que todas as mudanças fossem meras ilusões, sem negar a realidade do crescimento e do declínio, da geração e da destruição.
O modelo da astronomia medieval reproduz o desejo de permanência de uma ordem estabelecida e hierarquizada. A hierarquia existe na superioridade dos Céus sobre a Terra, em cujo centro se encontra o Inferno; também na própria estrutura da Igreja, constituída pelo papa, cardeais, bispos etc. Da mesma forma, reproduz a divisão da sociedade em reis, suseranos, vassalos e servos.
3. Exceções à tradição medieval
Apesar da predominância das questões religiosas que afastam os filósofos das discussões referentes à natureza, são muitas as exceções a indicar pontos de ruptura que preparam de certa forma a crise do modelo científico da tradição grega. Esse processo pode ser entendido a partir do aparecimento das cidades e da expansão do comércio: a economia capitalista emergente necessitará de um outro saber, mais prático e menos contemplativo.
É importante o papel desempenhado pelos franciscanos , o trabalho dos alquimistas e a mentalidade árabe.
Roger Bacon
Roger Bacon (séc. XIII), padre franciscano que pertencia à escola de Oxford, foi perseguido em várias ocasiões devido às idéias pouco enquadradas no mundo escolástico. Além de procurar aplicar o método matemático à ciência da natureza, fez diversas tentativas para torná-la experimental, sobretudo no campo da óptica. Apesar de argumentar que “ver com seus próprios olhos” não é incompatível com a fé, não conseguiu demover os medievais da desconfiança gerada por qualquer tipo de experimentação.
A alquimia
A alquimia foi uma atividade prática em voga no séc. XIII e teve importância muito grande na descoberta de novas substâncias químicas, como o processo para a extração de mercúrio, as fórmulas p/ preparar vidro e esmalte, bem como o desenvolvimento de noções sobre ácidos e seus derivados.
O saber oficial desdenhava essa atividade, por demais vinculada às práticas manuais. Além disso, as técnicas descobertas eram com freqüência guardadas em segredo, e os documentos, de difícil leitura, criavam uma série de superstições e uma aura mística que prejudicavam a avaliação objetiva das reais descobertas da química nascente. A Igreja denunciava o caráter herético de tais práticas, finalmente proibidas por bula papal em 1317. A Inquisição controlava os infratores com freqüentes perseguições, muitas vezes com a condenação à fogueira sob acusação de bruxaria.
Não se pode negar a importância da alquimia no desenvolvimento das técnicas de laboratório, mas suas explicações teóricas eram antropomórficas, no sentido de que as substâncias inorgânicas eram vistas como seres vivos, compostos de corpo e alma. Como se acreditava que as características e propriedades de uma substância eram determinadas por seu espírito, havia a crença na transmutação, ou transferência do espírito de um metal nobre para a matéria de metais comuns. Surge, então, a ilusão da procura da “pedra filosofal” – com a qual qualquer substância poderia ser transformada em ouro – ou ainda a busca do “elixir da longa vida”.
Os árabes
Outra exceção na tradição científica medieval é a contribuição dos árabes que, no seu movimento expansionista, conhecem a cultura grega e iniciam sua divulgação por meio de traduções e da criação de centros de estudos. Pensadores fecundos como Al Kindi, Alfarabi, Avicena e Averrois transmitem os conhecimentos dos antigos no campo das ciências em geral. São os introdutores, no Ocidente, dos algarismos arábicos e os criadores da álgebra. Na alquimia, pela sistematização dos fatos observados durante gerações e em trabalhos efetuados em laboratório, aceleram a passagem do ocultismo para o estudo racional. Na astronomia, aperfeiçoam os métodos trigonométricos para o cálculo das órbitas dos planetas, chegando a introduzir o conceito de seno. Na medicina, transmitem as obras de Hipócrates e Galeno, além de organizarem um trabalho original de sistematização.
4. A decadência da escolástica
Do séc. XIV em diante, a escolástica sofre um processo de autoritarismo de nefastas influências no pensamento filosófico e científico. Posturas dogmáticas, contrárias à reflexão, obstruem as pesquisas e a livre investigação. O princípio da autoridade, ou seja, a aceitação cega das afirmações contidas nos textos bíblicos e nos livros dos grandes pensadores, sobretudo Aristóteles, impede qualquer inovação. É a obscura fase do magister dixit, “o mestre disse”...
O rigor do controle da Igreja se faz sentir nos julgamentos feitos pelo Santo Ofício (Inquisição), órgão que examinava o caráter herético ou não das doutrinas. Conforme o caso, as obras eram colocadas no Index, lista das obras proibidas. Se a leitura fosse permitida, a obra recebia a chancela Nihil obstat (nada obsta), podendo ser divulgada. Quando consideravam o caso muito grave, o próprio autor era julgado.
Foi trágico o desfecho do processo contra Giordano Bruno (séc. XVI), acusado de panteísmo e queimado vivo por ter defendido com exaltação poética a doutrina da infinitude do universo e por concebê-lo não como um sistema rígido de seres, articulados em uma ordem dada desde a eternidade, mas como um conjunto que se transforma continuamente. Foi talvez a lembrança ainda recente desse acontecimento que tenha levado Galileu a abjurar, temendo o mesmo destino de Bruno.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando. Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 2001, cap. 13, pp. 142-146.
A Revolução cientifica do século XVII
Aquilo que nos chamamos hoje de ciências natural só surgiu no século XVII.
A partir daquele século foi que se formou a idéia clara de que o conhecimento: só era cientifico quando:
1.For obtido através de um método próprio ,o método cientifico.
2.Explicar fenômenos através de características que ,sob determinados condições ,acontecem sempre:as leis cientificas.
O método que todos emprega e fazer experiências em laboratório, observação com instrumento ,medição e ensaios ,uso de conhecimento anteriores etc .É obvio que além disso,entram também a criatividade e ate a sorte do cientista..Propriedades da matéria e da energia que nunca deixam de acontecer .
Para torna-la ciência, você teria que comprovar o fenômeno fazendo experiências em laboratórios. Em seguida ,precisaria , mostra e explicar, por meio de conhecimento da química e da biologia ,e de leis cientificas atuais ,ou novas, que você iria produzir ,que esses efeitos realmente ocorrem no organismo .
A ascensão da burguesia tem tudo a ver com o nascimento da ciência moderna ,ela permite dominar a natureza.Os burgueses se tornaram os grandes patrocinantes das sociedades cientifica. Separação entre a fé e a razão ,entre os assuntos da igreja e os da ciência.
Os quatro principais responsáveis por essa revolução no conhecimento humano foram Galileu ,Descarte,Francis,Bacon e Newton.
Galileu era italiano foi o grande fundador das bases para o novo método cientifico. Seus princípios são :
1.A tradição e a religião não são fonte de conhecimento cientifico.
2. As fontes de conhecimento cientifico são a experiência e a observação .
3.A linguagem de ciência e a matemática.
Galileu apoio a teria heliocêntrica do polonês Copérnico que afirmava que os planetas,incluindo a terra giram em torno do sol .
Galileu falou das manchas solares .Ora ,se Deus tinha feito o Universo perfeita ,entoa não poderia haver manchas não estrelas.Ele foi levado ao tribunal da inquisição.
Renê Descartes era francês ,esse homem genial foi matemático ,físico,astrônomo, musico e militar.
Galileu dizia que o livro da natureza esta escrito em características matemáticos .Pois foi graças a Descarte que surgiu a tal escrita matemática.
Geometria analítica .Pronto :a natureza poderia ser descrita pala álgebra .
Cartesiano e sinônimo de uma pessoa ,muito racional..Pois razão e \ deusa dos homens e da ciência .Acreditar que bata a razão ,a capacidade de raciocínio ,para conhecer todo o universo. Acontece que o raciocínio cartesiano super valoriza o raciocínio matemático ,as deduções e não deu o devido respeito a experimentação ,esse defeito foi corrigido pelos empiristas ingleses ,a começar por Francis Bacon .
Francis Bacon era inglês aristocrata e cultíssimo .Ele iniciou a filosofia do empirismo.Os empiristas acreditavam que a base de tudo conhecimento e a experiência.
Isaac Newton também era inglês .Era físico e matemático ,campos em que realizou descobertas fabulosas, dedicou a vida intera aos estudos.
Suas contribuição cientificas foram :
1.Ao descobri um monte de leis cientificas ,mostrou na pratica que o método dava certo.
2.A descoberta da lei da gravidade universal ,segundo a qual todos os corpos se atraem.
Tudo seria explicada em termos de causa e efeito .E o que se chama de visão e efeito. E o que se chama de visão mecanicista da realidade .
A revolução cientifica influenciou decisivamente o século seguinte tanto economicamente quanto político e intelectual.
Método científico é uma forma de investigação da natureza. Para isso, não leva em consideração superstições ou sentimentos religiosos, mas a lógica e a observação sistemática dos fenômenos estudados.
Os cientistas criam, então, um conjunto de teorias baseadas nesses estudos e observações, e essas teorias são sujeitadas a uma seleção natural, até que se chegue a uma explicação satisfatória para os fatos observados. Essa teoria deve ser consistente com os fatos. Deve poder prever que, em condições e situações idênticas, os resultados esperados devem se repetir. Qualquer pessoa, tendo acesso aos experimentos, deve poder obter os mesmos resultados independentemente.
Teorias baseadas em misticismo, que subsistem através de dogmas de fé, crivadas de superstições, não podem fornecer resultados nem aplicações. É o caso de toda Teoria Criacionista, onde um ser sobrenatural criou o Universo e a vida. Em contrapartida, temos duas teorias científicas: O Big Bang, a teoria mais aceita no meio científico para explicar o surgimento do Universo; e a Teoria da Evolução, que nos convida a entender como, através de passos simples e bem compreendidos, a vida surgiu na Terra há mais de 3,5 bilhões de anos e vem evoluindo através da seleção natural cumulativa.
Vejamos um exemplo, o surgimento da vida na Terra:
A primeira teoria, a Criacionista, nos conta que um deus – uma entidade metafísica jamais demonstrada ou comprovada, criou todos os seres que habitam a Terra. Algumas mitologias, como a judaico-cristã, admite que os animais foram criados todos de uma só vez, que o homem foi criado à semelhança de seu deus, e que a mulher surgiu num segundo momento, vinda da costela do primeiro homem. Acontece que isso não é compatível com as observações.
Pesquisas arqueológicas mostram que haviam muito mais espécies extintas do que todas as que existem hoje. Espécies que existem hoje não existiam há milhões de anos. Os registros fósseis demonstram que a Teoria Criacionista não corresponde aos fatos. Falha no primeiro objetivo de uma teoria, que é o de ser compatível com os fatos e as observações.
E será que a Teoria Criacionista satisfaz o segundo quesito para ser considerada uma teoria? Será que já nos trouxe algum dividendo? Algum resultado? Algum grande invento foi proporcionado por essa teoria? A resposta é clara: não!
Agora, e quanto a Teoria da Evolução? É consistente com os fatos?
Sim, a Teoria da Evolução explica porquê observamos tantos fósseis, porque existe uma grande diversidade de espécies. Explica como a complexidade surge através de pequenos passos prováveis selecionados e acumulados naturalmente, sem intervenção de nenhuma divindade ou força misteriosa. Recorre-se apenas aos fatos e leis da física e química já bem conhecidas.
E o que nos trouxe essa Teoria da Evolução? Algum novo invento? Alguma aplicação? Alguma predição?
Nenhuma empresa da indústria de medicamentos ou de inseticidas consegue ter sucesso se não levar em consideração a Teoria da Evolução. Populações se tornam resistentes a antibióticos ou inseticidas, segundo processos que só são explicados através da seleção natural cumulativa. Uma nova e promissora área, a Biotecnologia, vem com toda força, impulsionada pelo seqüenciamento do DNA e pela Engenharia Genética.
A Biotecnologia é um exemplo de conquista proporcionada pela aplicação dos métodos científicos.
Guerras Santas, Inquisição, ignorância, perseguição filosófica, atraso tecnológico, desemprego, fome e miséria, são exemplos do que pode ser proporcionado pela credulidade, pela superstição, pelo misticismo.
Os métodos científicos são impessoais e objetivos. Explicações metafísica são subjetivas, baseadas em experiências pessoais e em paixões.
Um cientista não deve assumir saber a verdade sobre o que tenta explicar a priori. Quem assume que já possui a verdade sobre alguma coisa antes de investigar, tem seu poder de avaliação dos fatos comprometido com idéias pré-estabelecidas, o que acaba prejudicando seu julgamento. Preconceitos nunca são bem vindos quando se busca explicações científicas.
Quando estão ainda em desenvolvimento, teorias científicas não passam muitas vezes de palpites. As informações são geralmente limitadas e escassas. Mas com o passar do tempo, através de testes de cada hipótese, reformulações e analises, a teoria vai tomando forma, até que seja confirmada. Então, a teoria leva a uma concordância com as experiências, pode ser repetida por outros, e pode fazer predições úteis. Se não se demonstrar verdadeira, o cientista não deve se apegar a sua teoria.
Diferentemente do que querem os que atacam os métodos científicos, teorias científicas não são meros palpites ou especulações. Como analisamos no caso da Teoria da Evolução, uma teoria deve se prestar a explicar as observações e deve poder fazer predições, tendo como conseqüência de sua legitimidade a sua aplicação e aceitação.
Francisco Saiz é professor de lógica e programação da Fundação Paula Souza, formado em Ciência da Computação pela Universidade Mackenzie, e aluno de mestrado em Inteligência Artificial no Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares da USP - Universidade de São Paulo. Texto disponível nesse link.
O Método Científico Segundo Alguns Filósofos
Para Aristóteles, ciência é conhecer as quatro causas: 1) causa material. É a substância concreta de que um objeto é composto. Exemplo: o bronze de uma estátua; 2) causa eficiente. É o processo que produziu o objeto. No exemplo acima, é o trabalho do artista ao esculpir a estátua; 3) causa formal. É a estrutura interna que determina a realidade de um objeto; 4) causa final. É a finalidade para a qual uma coisa foi produzida.
Para Galileu, um fato demonstrado pela experiência seria verdade, se Aristóteles não o negasse. Na sua lide da verificação experimental, Galileu teve que combater os teólogos (porque acreditavam literalmente na Bíblia) e os filósofos aristotélicos (porque negavam as verdades contrárias às doutrinas científicas de Aristóteles). Quanto aos teólogos, não tinha muito o que fazer. Quanto ao dogmatismo dos filósofos aristotélicos, aqueles que negavam a evidência, porém, Galileu entendia que isso era devido à tendência da psique humana de obedecer ao poder e à autoridade vigentes.
Para Bacon, o método científico baseia-se na indução, que é um saber das obras, não das palavras. No passado, era sábio quem conseguia, através da retórica, vencer dialeticamente um adversário; no presente, o confronto deve ser posto em relação à natureza. Deve-se, assim, recusar o método dedutivo, que considerava a verdade como uma consequência de afirmações precedentes, e adotar o método indutivo, porque baseado em estatísticas observáveis.
Para Descartes, o método científico deveria se basear nos raciocínios concatenados. Volta à dedução, que supõe obter novas verdades a partir de proposições absolutamente certas. Para isso, usa o modelo da geometria de Euclides, capaz de deduzir centenas de teoremas de cinco postulados iniciais.
Para Hume, o princípio fundamental de todo pensamento científico é o de causa-efeito: a previsão de determinados eventos pode ser deduzida em função das causas que os produziram. Não podemos, porém, levar essa tese às suas últimas consequências. Dá-nos, como exemplo, o choque entre duas bolas de bilhar: “certamente veremos uma continuidade espacial e temporal porque a bola atingida se move logo depois da primeira e começa seu movimento onde a outra se detém”... “Hume está pronto a admitir que é possível relevar também uma constância dos fenômenos, porque encontramos regularidades típicas no movimento dos corpos. Mas isso implica apenas hábito, não necessidade lógica: se nunca tivéssemos visto um choque entre duas bolas de bilhar seriamos incapazes de prever o seu movimento”.
Para Kant, há necessidade de diferenciarmos os juízos analíticos dos juízos sintéticos. Os juízos analíticos dizem respeito à explicação dedutiva; os juízos sintéticos, ao contrário, são típicos da tradição empirista. Tanto os juízos analíticos quanto os juízos sintéticos têm suas limitações. Kant propõe a junção dos dois juízos. “Faz-se necessária, portanto, uma nova abordagem global de conhecimento, ultrapassando as tradições do Racionalismo e do Empirismo”.
Fonte de Consulta: NICOLA, Ubaldo. Antologia Ilustrada de Filosofia: das Origens à Idade Moderna. Tradução de Margherita De Luca. São Paulo: Globo, 2005.
Método Científico - Etapas
1. Definição
Trata-se de um processo de pesquisa que segue uma determinada sequência de etapas. São elas: observação, problematização, formulação da hipótese, experimentação e teoria.
2. Etapas do Método Cientifico
Observação: Como o próprio diz, é a visualização de um fato (ou fenômeno). Essa observação deve ser repetida várias vezes, buscando obter o maior número possível de detalhes sendo, realizada, portanto, com a maior precisão possível. Deve-se tomar o cuidado com os “vícios” para ocorra uma observação correta do fato; em muitos casos, a pessoa ver o que deseja ver, e não o que está ocorrendo de fato.

Problematização: Corresponde à execução de questionamentos sobre o fato observado. E para essas perguntas, o pesquisador vai à busca de respostas. Um problema bem formulado é mais importante para a ciência do que a sua solução, pois, abrir caminho para diversas outras pesquisas.
Formulação da hipótese: A hipótese nada mais é do que uma possível explicação para o problema. No jargão científico, hipótese equivale, habitualmente, à suposição verossímel, depois comprovável ou denegável pelos fatos, os quais hão de decidir, em última instância, sobre a verdade ou falsidade dos fatos que se pretende explicar. "A hipótese é a suposição de uma causa ou de uma lei destinada a explicar provisoriamente um fenômeno até que os fatos a venham contradizer ou afirmar." (Cervo & Bervian,1974:29)
Experimentação: Etapa em que o pesquisador realiza experiências para provar (ou negar) a veracidade de sua(s) hipótese(s). Se, após a execução por repetidas vezes da experiência, os resultados obtidos forem os mesmos, a hipótese é considerada verdadeira.
Na antiguidade, as experiências não eram controladas – experiências empíricas – muito usadas pelos alquimistas. Nesse modelo, as experiências eram do tipo tentativa-erro; com isso, as descobertas acabam sendo puramente casual.
Na experiência controlada, usam-se dois grupos: o experimental e o grupo teste (grupo controle ou testemunho).
No grupo experimental é testada uma variável; as demais condições devem ser iguais às do grupo controle que, por sua vez, corresponde ao grupo em que a referida variável não aparece e, assim, serve de referência para análise dos resultados.
Veja um exemplo bem simplificado:
Se um pesquisador deseja saber a influência de determinado mineral “M” na floração de uma determinada espécie vegetal, deverá usar dois grupos de plantas nas mesmas condições, diferindo um do outro apenas no mineral M. O grupo portador do mineral é o grupo experimental e o que não possui o mineral é o grupo controle.
Se os resultados obtidos forem estatisticamente iguais, o mineral M não interfere na floração; caso os resultados obtidos nos dois grupos forem estatisticamente diferentes, o mineral M é o responsável pelas diferenças observadas.
Uma hipótese confirmada nas experimentações passa a ser denominada de lei científica. A um conjunto de leis que explicam um determinado fenômeno (ou grupo deles) chamamos de teoria. As teorias científicas têm validade até que sejam incapazes de explicar determinados fatos ou fenômenos, ou até que algum descobrimento novo comprovado se oponha a elas. A partir de então, os cientistas começam a elaborar outra teoria que possa explicar esses novos descobrimentos. A Ciência é conhecimento evolutivo e não estacionário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário